Páginas

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Vida

Viver é cagar. E a vida é uma merda. É um saco ter que abaixar as calças, às vezes forçar, limpar depois. Mas o prazer e a necessidade da coisa superam. É a vida.

sábado, 16 de agosto de 2014

Morte

Quando alguém morre vai pra outro lugar. Não acredito que se acabe, mas de uma forma ou de outra, foi embora mesmo, pra um dia, quem sabe, voltar. Minha relação com a morte é bem básica: morreu, foi embora, como alguém ou alguma coisa que sai por aí e não volta mais, como um amor que foi embora e se transformou na capacidade de amar de novo. São tantas mortes diferentes e todas iguais. Quando um relacionamento amoroso acaba, morre ali alguma coisa, alguma parte do coração. Quando a vida acaba, morre ali alguma coisa, alguma parte do coração da gente que fica. Quando alguém vai embora, morre ali alguma coisa, alguma parte da gente. Mas a outra parte, e essa é a maior beleza da morte, que fica, tem sempre a capacidade de reerguer, de aguentar o baque dos sentimentos que sufocam. Quando parte em nós morre, outra vive. Isso é o Deus em nós. Deus está na morte por isso, na contradição que ela cria.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

De repente,
como num repente,
cantou-se rimado.
Desconfigurou moderadamente
o moderno.
Repensa.
Observa a dinâmica,
não entra.
E de fora,
além dos olhares,
reconstitui o Novo Mundo.
A paz que busca, não encontra.
A luz que tem,
guarda.
Não quer mais a vida assim
assim
assim sendo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Pagamento atrasado

Se tem uma coisa que o povo diz e é verdade pura, é que um dia a gente paga por tudo quanto é merda que a gente faz. Um dia é do chute dado, noutro é do chute tomado. Se fez sofrer, vai sofrer depois. Incrível! E às vezes nem demora muito e a vida te dá uma rasteira daquelas de tirar o fôlego, de perder o rumo, de embaçar a vista e amargar a língua. Língua essa que cobra toda e qualquer bobagem, que seja, dita em momentos de raiva ou de sobriedade. Não importa. Se tem outra coisa que o povo diz e é verdade, é que se paga língua. E não é na mesma moeda. Às vezes é mais tranquilo, às vezes é mais doloroso. Mas que se paga, paga. E quando a língua cobra e o mal retorna, o que mais dói é o orgulho, aquele que te fez dizer e fazer tudo que tá voltando. É nele que bate... e o exercício, depois de tudo, é de manter-se no caminho, mesmo sem que dê pra saber onde está. E torcer pra que a praga mal jogada mirre até virar esperança novamente. 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Simplicista

Eu não espero nada demais da vida. E esse é meu problema. Se eu tivesse a ambição dos grandes, talvez fosse aceito. Se eu tivesse a violência dos maiores, talvez eu fosse compreendido. É mais fácil entender os complexos aos simples de espírito.