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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Sonho

A serpente sagrada e colorida, representada pelos capins da beira dos rios usados para transe e que dão urtiga na boca e pele. Ela é um Xangô.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

No meu ori

Na caça, fartura
No fogo, calor
na terra rasteja
na água é flor.
Yabá é líquida
Cobra no mundo rodeia
na chuva renova
na terra floreia.
No meu ori
xangô solta o brado
oxumarê cobreia
oxum um som manso
oxóssi me pia.

chá pra tosse -

cinco dedos de água, cinco pitadas de canela em pó ou um pauzim de canela, uma rodela de limão, ponta de um dedo indicador de gengibre. ferver por um beijo demorado no amor mais um fazer xixi mais dois copos dágua bebidos. adoçar com mel. tomar meio copo de boteco duas vezes ao dia.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Pra um amigo chato,

que pode ser eu, você ou ele ou ela. 
Será que você não consegue manter uma prosa sem precisar falar mal de alguém ou, quando falar bem, que não seja falso? Ou será que você aguenta a pressão que o outro está vivendo? Aliás, você sabe o que a outra pessoa passa na vida ou tem passado nesses últimos dias? Não! Você não fez isso!
Você tem manias muito feias, de discordar dos outros, de falar e ditar o que é certo e o que é errado, de rir das práticas religiosas dos outros, de zoar da forma com que as outras pessoas se vestem, cantam, lidam com a vida. Você é, na verdade, um mal informado, já pensou nisso? E faz, pra mim, o papel de babaca!
Você quer que as coisas se organizem do seu jeito. E quando não, até entendo sua melancolia e, pra ela, estou aqui sempre. Mas nunca entenderei sua forma grosseira de jogar para os outros a tristeza que é sua. E ela vem sempre numa velocidade da luz em forma de patada. 
Você cobra dos outros coisas que não são deles. Você se coloca em um lugar que não mede poder. Inclusive, você tem lidado com o "poder" que te designaram de uma forma patética. Primeiro porque isso não é poder, segundo porque você não sabe lidar consigo mesmo, que é onde está o verdadeiro poder das coisas. 
Um conselho: cala a boca. E faça o exercício de se manter em cima do muro. Nem sempre você precisa tomar uma decisão ou ficar do lado de alguém. Quando fizer uma escolha, aprenda a deixar de mão o que não escolheu, afinal, você pode estar completamente errado.
Uma última coisa: as pessoas são felizes mesmo quando são diferentes de você. E ninguém precisa ser igual você pra ser feliz. Então fica quieto. Além de não estar ajudando, você tem se tornado chato. Pense mais positivo.

domingo, 14 de agosto de 2016

Exu

Na brincadeira de corrida
e na roda de criança,
brinca o senhor das andanças.
Medo não.
Aceito!

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

"Não sabe se" ou O tiro na culatra


Não sabe se morde ou se lambe,
Se queima ou se molha,
Se acaricia ou arranha,
Se ele mostra ou se esconde,
Se normal ou estranho,
Se bonito ou medonho.
Olha nos olhos e não vê o final,
Não reconhece afinal,
O que esperava atentar.
Se alenta nos braços
Sem saber se ataca
Ou se beija no altar.
Figura mitológica amorfa,
Besta apaixonante,
Cachorro do mato domesticado.
No pôr do sol se ilumina,
À noite, aos jogados,
engana a retina,
De manhã some no breu da claridade.
Não sabe se volta pro mato ou pra cidade
Pra cama ou pro colo da amante,
Pras nuvens ou pras cavernas,
Pra lua ou pra marte.
O que sabe
É que é o tiro na culatra do escravo
E o tiro na culatra do patrão.
Não fica preso no tronco
Nem alimenta proteção.
Não sabe se cachorro ou se gato,
Se pega ou se corre,
Se gato ou se rato,
Se escorrega ou escorre.
Se estrada ou se rua,
Se de roupa ou nua,
Se boceta ou pica,
Se âncora ou prôa,
Se dele ou tua.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O limite de mim

Eu queria hoje um pôr do sol maravilhoso, meu amor do meu lado, calado. O silêncio me faria tão bem nesse momento, afinal, penso eu, que daria pra escutar o que minha mente sussurra. Quando ela grita me perco, me afobo e acabo confundindo as letras. Amor vira dor, calma vira rua e gente vira monstro. Até a rima desistiu, percebe?
Queria um espaço, pode ser pequeno, até porque meu tamanho, que outrora esteve largo, hoje se contenta com esse corpo que me representa. Hoje estou diminuído a um metro e oitenta e setenta quilos. Completei milhas dentro de mim.
Quem um dia percorreu meu eu e não encontrou saída nem final, se hoje o fizesse, assustaria com tamanho recolhimento.
Ainda escrevo, na tentativa de fazer o que me propus, que é não deixar de dizer. E poucas pessoas lerão, o que por um lado me deixa tranquilo e calmo.
Se um dia pensei que o mundo era pequeno, desfaço, pelo menos hoje, dessa crença. Engulo seco e aceito que permiti me diminuir.