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sábado, 16 de agosto de 2014

Morte

Quando alguém morre vai pra outro lugar. Não acredito que se acabe, mas de uma forma ou de outra, foi embora mesmo, pra um dia, quem sabe, voltar. Minha relação com a morte é bem básica: morreu, foi embora, como alguém ou alguma coisa que sai por aí e não volta mais, como um amor que foi embora e se transformou na capacidade de amar de novo. São tantas mortes diferentes e todas iguais. Quando um relacionamento amoroso acaba, morre ali alguma coisa, alguma parte do coração. Quando a vida acaba, morre ali alguma coisa, alguma parte do coração da gente que fica. Quando alguém vai embora, morre ali alguma coisa, alguma parte da gente. Mas a outra parte, e essa é a maior beleza da morte, que fica, tem sempre a capacidade de reerguer, de aguentar o baque dos sentimentos que sufocam. Quando parte em nós morre, outra vive. Isso é o Deus em nós. Deus está na morte por isso, na contradição que ela cria.

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