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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Nosso caso não é entre polícia e ladrão


Falam como se preocupassem, mas não se preocupam com policiais ou com bandidos. Muito menos querem saber do que é mais ou menos grave. Só se preocupam consigo mesmos. Querem mesmo a morte de quem é diferente. 
Criaram esse fetiche nojento, pra não dizer maldito, nas fardas, nas armaduras dos heróis. Cresceram e aceitaram a não existência do papai noel ou do coelhinho da páscoa, mas nunca superaram a ideia de que não existem heróis, e procuram incessantemente por eles, criando pedestais. 
Não se preocupam com a justiça mas se sentem no direito de julgar. Só mudaram, e male male, o discurso. Mais uma vez, não é de policiais e bandidos que falam. A vida, crianças, não é uma brincadeira de polícia e ladrão. 
Se tivessem preocupados demais com o que é certo e errado, talvez saberiam dos que morrem inocentemente pra que o espetáculo genocida diário aconteça. Todo domingo, patética e preocupantemente, sentam na frente da TV pra ver o sofrimento alheio e rirem. Chamam a dor alheia de pegadinha. E se esbaldam. 
Não querem saber de polícia e bandido. Querem apontar um culpado antes que descubram a sua culpa. E disso, da culpa, estamos todos fadados. Odeiam saber que tem gente resistindo bravamente nesse jogo da vida, com muito menos. Não sei se é inveja ou que é, mas o ódio é visível, e dá pra sentir. 
Nosso caso nunca foi de polícia e ladrão.

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