Goiânia, 14 de julho de 2011.
Já tinha que ter esperado por
esse momento e, mais que esperado, me preparado para o fracasso. Como isso
nunca havia passado pela minha cabeça? O Teatro é mesmo uma arte de
compensação, no entanto, hoje me pareceu mais uma sacudida. Subir no palco
nunca tinha sido tão difícil. Nunca, na minha vida, estive tão deslocado em
cima do lugar sagrado, do presbitério da minha alma, da cozinha da minha
existência. Como eu não olhei para o público? Como eu não consegui encontrar o
canal de energia da platéia com o espetáculo. Espetáculo? Se tiver alguma coisa
que não posso chamar aquilo que hoje tive a infelicidade de apresentar é de
espetáculo.
Que bom! Já estava quase
acreditando que o teatro é a arte da repetição. Não, de longe não é. No teatro,
no palco, não nos é permitido o retorno, a repetição. Definitivamente, no
teatro não nos cabe o fracasso... Ou tem-se glória ou tem-se preparação para
ela. Fracasso não. Nunca. Se ficar ruim, a única coisa que devo fazer é pedir
mil perdões a aqueles que compartilharam do meu infeliz momento, da minha falta
de capacidade de fazer bem feito aquilo que fiquei tempos ensaiando. Como pude?
Como pude? Não sei. Definitivamente não tenho idéia. Não tenho. Deveria ter
perguntado se eu podia fazer de novo e tentar dar o meu máximo. Aquele,
definitivamente não foi meu máximo. Brincando? Eu estava brincando de ser ator?
Cadê meu frio na barriga, meu desejo de estar ali? Não sei onde foi parar minha
escolha por essa vida. Naquele momento, o ritmo da minha vida estava
descontrolado. E eu? O que eu fiz para perceber isso? De novo o Teatro me
ensinou uma coisa; com um cochicho que entrava pela minha garganta abaixo e
parava nas minhas entranhas, ele dizia: “Meu filho, isso aqui não é
brincadeira, não é guerra de ego, não é tudo aquilo que você pensava. Eu sou
coisa séria e, se eu te escolhi, é por que pensei que você tivesse a coragem de
se jogar, de não ter medo do ridículo, de se despir da sua vida por completa”.
E por fim, o pai Teatro me perguntou: “Onde esteve toda aquela força que há
alguns dias atrás te acompanhava?”. Ah, como pude fazer isso com a coisa mais
importante na minha vida? Como eu, criança, até então, nascida para estar lá,
consegui fazer aquilo? Coisa estranha, sem energia, sem crescimento, sem noção.
Este fui eu no palco hoje. Sinto por quem foi me ver no pior dos meus piores
dias em cena. Juro
que se eu pudesse teria mudado, teria crescido e feito o maior de todos os
espetáculos. Mas não consegui e não poderia repetir. Guardo comigo os ensinamentos
que o palco de hoje me trouxe e prometo, público, que farei o impossível para
nunca mais ser tão medíocre diante de vocês.
Obrigado e perdões,
Allan.
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