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terça-feira, 1 de maio de 2012

Carta de feliz aniversário


Goiânia, 16 de setembro de 2011.

Peão,

eu poderia começar justificando algumas muitas coisas que ficaram subentendidas nas minhas falas e/ou intenções nestes últimos cinco meses, tipo: o porquê d'eu não gostar mais de escrever cartas. No entanto, pensando com meu fone de ouvido (não uso camisa e pensar com botões é monótono), cheguei à conclusão de que a justificativa deveria aparecer nas pequenas coisas, como essa aqui, eu escrevendo uma carta para você. São tantas coisas que me falta assunto e organização mental, mas vamos lá, acho que essa é uma oportunidade única de te mostrar algumas coisas e enfim. 
Para começar mesmo, vamos direto na lição #1: Eu não minto em cartas como não juro por Deus para mentiras e sobre os conteúdos da carta, a primeira resposta tem que ser n'outra carta!  
As próximas lições não estarão numeradas e muito menos definidas, afinal, que graça teria se você não precisasse de mais de uma carta pra me conhecer por completo? Ou me conhecer, somente?
Então... uma das coisas que me faziam não escrever mais cartas é que me fazem pensar muito para o fazer. Comigo isso de sentar e escrever, ultimamente, tem funcionado somente no Twitter. Só entrar lá e ver a qualidade do conteúdo. #Fail, como dizemos por lá. Até que decidi que iria me esforçar um pouco para te escrever uma carta de aniversário. Agora, depois de começar, vi que o esforçar um pouco aconteceu quando eu escrevi a primeira linha da página, a data. Agora já estou no muito esforço. Muito esforço esse que me traz algumas lembranças que se perderam nas brigas que tivemos ou nos caminhos que passamos separados e precisávamos descarregar um pouco pra caminhada se tornar mais leve. Que bobeira, hein!? Que bobeira! Ilusão de ótica, o nome disso. Acha-se que perde, o peso diminui e depois lembra-se de novo. Como nosso cérebro funciona direitinho, não é? Agora, quando relembrei, não são mais lembranças pesadas. As mesmas lembranças que me atrapalhavam caminhar levemente, hoje me empurram para frente. 
Sabe aquele dia em que você estava dopado de ritalina, maconha e cerveja? Foi o dia em que eu estava dopado de cerveja e maconha (infelizmente ainda não conhecia a Ritalina). E mesmo assim, naquele meio tempo a gente se viu, ou melhor, conseguiu se ver. Isso deixou de ser pouco pra mim há muito. Há muito. Outra coisa parece o tempo: é muito e só aumenta, que é meu sentimento por você. Sentimento esse que não precisa de nome, de idade nem de telefone. Ele já tem tudo o que ele precisa, que é um receptor. Então, nem nos preocupemos em tentar encontrar um nome pra esse bebê.
E como essa é uma carta de aniversário, para ela não se tornar tão extensa, escreverei mais dois parágrafos. O início do fim e o fim do começo, se é que compreende minha metáfora pra "começo".
Uma rampa, dois olhares, uma insistência, duas insistências, três insistências, uma ligação, um abraço, algumas contradições, um sentimento. Daí começou a decadência de uma vida, que até então vivia sozinha. Começou-se junto da decadência, a construção, difícil e árdua, de duas vidas, juntinhas. Aí vieram uns amigos, pais e por fim, uma coisa que não sai da minha cabeça: A frase: "Olha lá. Quem são?" A simples e óbvia resposta não conseguiu expressar o que eu senti e o que eu estou sentindo até agora. Não consegui responder pra mim mesmo, e nem preciso, porque quando paro de procurar respostas eu encontro uma fotografia de mim, meu amor e um espelho. 
Enfim. Feliz aniversário, hoje e sempre. Que você encontre toda a importância desta data. Que você reconheça suas fraquezas e escolha se fortalecer. Que saúde seja sinônimo de felicidade e que doença seja sinônimo de força. Que você possa ser o mais feliz possível. E se esse último não for possível mesmo, que você seja o menos triste dos tristes. Um grande beijo e um forte abraço,

Allan

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