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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Até, Suassuna!

Se um dia tive a oportunidade de ler algo maravilhoso, foi da obra de Suassuna. Primeira peça de teatro que eu li na vida, Suassuna. Primeiro sonho de interpretar algo, Suassuna. Primeiro texto que li do vestibular, Suassuna. Primeira peça montada comigo no Guará, Suassuna. Suassuna é meu grande ídolo e, como já imaginava, esse nó que fecha minha garganta não é de despedida, mas de agradecimento. Guardei o desespero até o último momento e agora, que o "único mal irremediável" chegou pra ele, o arrepio é a única coisa que me amedronta. Não é vontade de chorar, se é que me entendem. É uma mistura de arrependimento e de felicidade por tê-lo encontrado há uns meses atrás, pessoalmente. Arrependo de não tê-lo abraçado mais forte. Se bem que com aquela magreza toda, tive medo de quebrá-lo ao meio. Rio. Rio porquê se tem uma coisa que eu acho que Ariano queria que o mundo fizesse era sorrir. Sorrir da desgraça pra vivê-la e vê-la de perto. Árido que só Suassuna, fez em mim sobreviver sonhos irreparáveis, como quando ele, perguntando qual meu personagem da peça e eu dando a resposta, olhando nos meus olhos disse: "O próprio". O sorriso arrastado que ele continuou arrastou o brilho dos meus oculares até hoje. Agora, que o Brasil te agradeça. Que o mundo te agradeça. Eu vou deitar no banco, me cobrir com o lençol e deixar no meu peito o meu eterno obrigado! 
Um beijo e um abraço, Ariano. 

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