Páginas

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Quarta-feira

Na quarta-feira, 
costumava apanhar quiabo no pé, 
refogar no dendê 
temperado com camarão e cebola. 
Servia bem quente, 
dentro da gamela
feita da madeira mais inflamável.
Na porta da frente,
folha de dendezeiro desfiada,
não era qualquer um que entrava.
Pedia licença,
também em saudação,
às senhoras do vento e das águas revoltosas.
Porém na quarta servia o Rei,
aquele em que a coroa flamejante
protege sua cabeça e seus passos,
senhor da sua vida
e do seu destino.
No meio da semana,
a senhora mirrada da casa ao lado,
"Kabiecile",
gritava,
e logo um brado se escutava.
Como menino curioso,
por cima do muro eu olhava:
Pedra rolava e o fogo dançava!

Nenhum comentário:

Postar um comentário