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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A guerra


Engana-se que a guerra é externa. Os tiros saem da nossa mente e atingem o coração. As foices cortam nossos sonhos. As algemas prendem nossos caminhos, aqueles que nós precisamos trilhar, mais ninguém. 
É dentro de nós que a pancadaria rola solta. E bate, quando esperamos mais do outro, quando cobramos a atenção que não temos, quando exigimos o lugar de prestígio que nos prometeram. E enquanto isso, a revolta aumenta e, consequentemente, os tiros.
A guerra é minha, todos os dias ao levantar, a lidar com o preconceito que eu alimentei, com todo machismo que eu me convenci. É minha quando eu luto, sem perceber, comigo mesmo e num ato auto destrutivo, destruo o outro. 
Não existem vítimas nessa guerra. Ela é diária. Lidar conosco mesmos é tão mais fácil, aparentemente. Segure os desejos, cale a boca, medite, agora dance, agora sorria, olha a foto, reze, abrace, sorria de novo e finja as good vibes. Parece piada, mas nos convencemos, nessa guerra, a nos convencer. O que é horrível, pq é sozinho no banheiro que vemos as ruínas de nós mesmos, dessa guerra que, transferida pra fora, acontece é dentro. E não tem convencimento que suporte as miragens.
E, se pensarmos que cada um tá passando uma guerra agora, independente de lugar e direito, seguramente contribuiremos pra amenizar os sofrimentos e as marcas dessa guerra. Como tudo que vai volta...

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