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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Quando quis ser deus


Quisera eu ser deus. Aliás, queremos todos ter os poderes de deus, principalmente aquele que fica sentado num trono, sem precisar fazer muita coisa. Paradinho ali, qualquer coisa manda seus anjos e arcanjos pra resolverem pra ele. Quando a coisa fica mais séria é só estalar os dedos e os problemas ou os causadores se desfazem, deixam de existir. Fabuloso!
Quando não quero ser deus, eu queria conhecer deus. Ser amigo próximo, visitar a casa dele e comer dos prometidos manjares. Aliás, queria ser, sei lá, pai de deus. Imagina que incrível ser pai de deus. Deus, limpa a casa pra mim! Deus, me ajuda! Talvez faria até mais sentido na hora de falar "pelo amor de deus".
Agora do que eu gosto mesmo é santificar meus conhecidos. Imacular a figura daquele amigo que fala baixinho. Dar o título de grande sábio àquele que tem uma ideia sobre tudo e as compartilha no momento de um conselho. Acho que a distância entre a terra e o céu me fez querer ter deus aqui, próximo a mim. Por outro lado, acho que foi minha vontade de acreditar que existe o bem soberano divino, fazendo com que eu, sem conseguir ser tão bom assim, transfira a responsabilidade de ser deus em terra.
Coitada dessa pessoa, vamos combinar. Imagina, num lugar como esse aqui, ser deus. Que peso a se carregar. Até porquê deus não erra, portanto ela não pode cair nas graças do erro. Palavras medidas, gestos comedidos... Coitada, no momento em que foi dada a ela a possibilidade de ser gente, a gente a pôs no lugar de deus.

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