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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Ansioso

 Andando com os pé semi rachado. 

Não à tôa, gosto de olhar a paisagem por onde ando. As pedras ou buracos do caminho às veiz passa desapercebidas. Olho de passarim, que parece que olha só pra cima. Mas se fosse de passarim mesmo, olharia pro chão, que é de onde vem a presa e o predador. 

Se vi raíz, se vi folha, se vi fruta, rastejar na areia me ensinou olhar pra cima, me necessitou subir em árvores. 

Foi quando te vi. E vendo e vendo, e olhando e olhando e sentindo todas as saudades do mundo, e a ansiedade principesca do tempo, aquela que é retardada pelo querer e não a passada do matuto, aquela que o desejo carrega o observar.

Como caminha o romântico, onde anda o livre no ser e estar sentir alguém. Poderia ser uma dúvida, imatura e cruel, de não ser e estar. 

Hoje olhei a cidade e parecia mandinga de nego sabedor. Sabe? E parecia rodada de saia de pombagira laçadora. O sol queimava e mesmo assim, andavam da rua o povo. Senti você tão perto e onde você tá não era distante. Éramos. Era contigo.

Minha juventude, daquela qual nunca saí, mesmo com as dúvidas que sinto depois de fechar o terceiro ciclo. E quem conta essas coisas, gente? 

Consigo imaginar coisas com você. E trens. E quereres ocultos aparecem no espelho. Eu quero. E se eu duvidar desse querer só um pouquinho, ele já me mostra, todas as malditas vezes, que quem está errado sou eu, não o desejo. E logo tudo passa, e os medos se esvaem, e água rola de novo, era uma pedra no meio da água. Peixe que nada. Cobra.

E ouvir o tambor, que me liga em mim, me liga a você. Uma força que existe e que sobe. Orgulho que sinto de ser parte dos seus passos. E belo é você que dança nas águas que eu nado. E de esquentar com óleo de dendê a pedra que eu deito.

Nós somos outono. E verão. E primavera todo dia que te vejo com os dente de fora. E inverno, só pra entender que o fogo antes de qualquer coisa, faz o mundo. E me faz em bracinhos de abraço, e peito de descanso, e corpo de lar.

Hoje vou triscar em seus ancestrais. E isso já faz de mim aquilo que sou. Com o passado temos o olho, as mãos presente e futuro todo passo que a gente dá pra sair de onde não deveríamos estar. Se tudo passa, que passemos pelo tudo sendo nós e juntim, Que eu te amo muito e desejo. 



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