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domingo, 15 de novembro de 2015

Pra um amigo com coração partido


Quando estamos em uma relação amorosa, damos nosso coração pro outro. Intencional ou não, quando sentimos afeto, nosso coração já não é mais nosso. Isso de jeito nenhum pode ser considerado como uma falha emocional ou desastre sentimental, apesar de ver acontecer com frequência.
Nosso coração está lá, nas mãos, pés, corpo do outro, sendo cuidado de acordo com os limites do anfitrião. Às vezes machuca, ele cai, rala, mas que nem menino pequeno, levanta chorando e logo volta a correr de novo.
Nesse processo todo, quando recebemos nosso coração de volta? No término. Quando um relacionamento termina é a devolução do nosso coração. A pessoa devolve. Ele volta assim meio machucado, meio sem roupas, com pares de sapatos faltando, meio manco mas logo fica saudável de novo. E ninguém consegue parar um coração com saúde, vai doido querendo ser dado de novo.
Tem as vezes que nos devolvem subitamente. Recebemos num tranco, num susto. Quando somos traídos é uma dessas formas. Ele chega rápido, com força, retornando ao seu lugar de origem, sua casa basilar. E aí dói muito, assusta muito, requer cabeça no lugar para lidar com essa volta abrupta de um coração que foi dado com tanto cuidado e jogado de volta, sem tanto cuidado assim. 
Coração da gente é bolinha de gude em mão de criança, jogada na terra, procurando o buraco certo. Mas no meio do caminho ele bate em outros corações, se partem às vezes... e como na brincadeira, podemos mudar as regras, refazer os caminhos, furar buracos, trocar. 
E como nota final, reconheço que coração depois de dado uma vez nunca mais é o mesmo. A única coisa que mantém é o desejo de ser doado, de encontrar outro cantinho que cuide dele. Isso é coração.

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