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terça-feira, 13 de julho de 2010

Quando fui viajar de avião pela primeira vez


Diário pré-viagem: alguns conselhos e coisas importantes a serem lembradas
Penso que isso deve acontecer com todas as pessoas que vão viajar pela primeira vez de avião, de classe média muito baixa aos ricos: ficar imaginando como serão as aeromoças, a comida, a visão lá de cima, os aeroportos, os acentos, que nos ônibus são dois pares separados por um corredor e no avião (descobri quando fui comprar as passagens) são dois trios separados por um corredor. Na verdade eu já havia visto em filmes essa disposição, mas vai saber se é verdade mesmo né!?
Desde pequeno eu tinha vontade de viajar de avião, mas sabia que isso demoraria pelo menos uns 18 anos (como está acontecendo). Meus pais não tinham grana pra ficarmos nesse luxo de avião pra cá, pra lá. Era no busão mesmo. Um dia e meio de viagem pra andar 700 quilômetros. Não estou reclamando, eu até gosto de conhecer rodoviárias.
Algumas coisas faziam com que eu não tenha andado de avião antes dos 18 anos: em Palmeirópolis (cidade de 10 mil habitantes localizada no sul do Tocantins que eu passava férias. Todas férias!) não tinha aeroporto (e continua não tendo) e minha mãe arrepia só de pensar que há a possibilidade de ela andar de avião, mesmo morta. Isso tudo fora a principal questão: eu não sou rico. E eu até mereço – e agradeço – não ser rico. Eu não nasci pra ser rico. Uma consideração que prova isso: eu não durmo na minha cama box de casal - ela é fria e grande demais -.
Quando meu pai foi transferido de Brasília para Miracema no Tocantins, a empresa pagaria nossas passagens de avião (Bsb até Palmas). Uhul né!? Uma chance bacana, afinal deve dar umas 3 horas de viagem. Rrum, minha mãe arrumou tanta desculpa que por fim eu fiquei convencido de que a experiência de voar seria pior que andar 400 horas de ônibus (não dava isso tudo não, mas convenhamos que a sensação “temporal” é de bem isso mesmo).
Quando eu fosse andar de avião pela primeira vez queria ir, pelo menos, do Rio Grande do Sul ao Acre, em classe executiva, direto, pra poder aproveitar o avião. Agora vou de Brasília pra São Luís, com escala em Marabá e conexão em Belém (em classe econômica). São 5 horas de vôo, mais ou menos, e umas 6 só de espera (risos quase desesperados). Mas tudo bem, vou poder conhecer o aeroporto de Belém de madrugada (2 da manhã). Uai, quase ninguém tem esse privilégio.
Sobre as malas: eu sempre gostei de ser prevenido em relação ao que levar pra viagens. Não levo 200 malas como minha irmã, mas acho que todo mundo merece levar uma mala com mais de 23 kg sem pagar por bagagem extra quando se ultrapassa esse peso. Mas é legal que isso tá me fazendo reduzir o peso da bolsa, que, diga-se de passagem, já é pesada mesmo vazia. E o medo de não reconhecer minha mala e pegar a mala errada? Essa noite eu sonhei que fui pegar minha mala na esteira (que a gente vê em filmes) e escorreguei, caí na esteira, fui preso... Impressionante que quando a gente fica muito ansioso pra fazer alguma coisa a gente paga tanto mico em sonho que Deus me livre.
Eu estava conversando (sobre a viagem é claro) com um amigo do vôlei e ele disse: “Você vai de avião grande ou pequeno?”, daí eu disse que imaginava que seria grande pela lonjura do trajeto. Ele falou que era mais legal por causa das turbulências (eu nem quis saber o que ele falou depois). Conselho #1: Quando você conversar com uma pessoa que nunca andou de avião, pelo amor de Cristo, não toque em assunto de acidente de Air France; de Gol com Legacy ou turbulências. Mas se esse papo for inevitável, por favor, relembre da menina de 14 anos que sobreviveu à queda daquele Boeing no Oceano Índico.
Vacinas: Eu viajaria na quarta, quando no domingo anterior meu pai me perguntou se eu já tinha me vacinado. Cara, vacinado contra o que? Sei lá uai, e até hoje eu não sei. Ah, só porque eu estou indo pra um lugar que tem casos (vários casos) de malária e febre amarela e que acabou de sofrer enchentes (que contribuem para a propagação de doenças)? E eu fiquei preocupado principalmente por causa da gripe suína (que recebeu o nome, o complicado e bonito nome de Influenza A (H1N1). É importante ressaltar que o “H1N1” é escrito entre parênteses), afinal a vacina dela está prevista para dezembro, ainda. Na verdade eu deveria me preocupar com a malária que nem tem vacina. Conselho #2: Antes de perguntar para uma pessoa que vai viajar se ela tem todas as vacinas, procure saber antes se ela conseguirá se vacinar até a data da viagem. Se não, deixe que ela viaje sem o peso na consciência de que poderá voltar doente, se voltar.
Espero que as coisas que eu penso automaticamente não sejam tão influenciáveis. Numa das horas de escovar os dentes eu tive um pensamento, desses abruptos. Pensei no avião subindo e eu segurando os dois braços da poltrona e de uma vez soltando um grito, tipo daqueles de montanha russa, sabe!? Aném, ia ser mico demais!
Não é que eu esteja querendo ser um segundo Shakespeare, mas o que eu escreverei a seguir é pura verdade: não pense que tudo que lerá sobre viagens de avião te ajudará ou que você se lembrará de tudo na hora que, principalmente, estiver arrumando as malas. Ou pense que sim, não siga o meu conselho de ignorar essa possibilidade e seja feliz. É que eu tenho a dificuldade, a real dificuldade, de fazer as coisas todas certas. Não sei, mas algo tem que dar errado. E eu nem preciso dizer que eu prefiro que algo dê errado, nunca as coisas deram tudo certo.
Boa viagem!!! (Esse desejo vale pra mim também. É um desejo próprio, de mim pra eu mesmo).

3 comentários:

  1. Da próxima vez, quero viajar de Jegue!

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  2. Hahahahahahahahahahaha. Mas acho que deve ser mais emocionante. Vê-se as coisas mais de perto e... demora mais. hahahahaha

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  3. hahahaha, vou mandar meu pai ler isso antes de irmos viajar terça;

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