sábado, 10 de dezembro de 2016
Goiânia obássy
Goiânia é pedra,
caminho duro de subir,
escalada complicada,
necessário se amarrar pra conseguir.
Goiânia é filha de Xangô.
É áspera como a pedreira.
Morada de bicho goiano, cabreiro, rasteiro.
Muro pedregulho,
de difícil transposição.
E dentro proteção.
Goiânia, pra mim, é filha de Xangô.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Filho de segredo segredo é
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Uma semana de bem
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Nosso caso não é entre polícia e ladrão
domingo, 23 de outubro de 2016
Pequena carta de amor e perdão
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Anjo caído
passeando
aqui do lado
e a força da gravidade me sugou.
Não era pra estar aqui,
foi um grande engano.
Quero ir embora,
alguém sabe onde eu falo
sobre caso
de anjo caído?
terça-feira, 18 de outubro de 2016
Corpografias urbanas da saudade
Palmeirópolis - coração - até os 6 anos, onde eu aprendi a andar, a andar de bicicleta, a tomar banho de rio, a fugir das pessoas, a soltar pipa, a amar.
Luziânia - pés - onde eu aprendi que o mundo é grande, e múltiplo, e perigoso. Aí eu aprendi que eu gosto mesmo do perigo. Quando me roubaram a bicicleta pela primeira vez. Quando eu apaixonei a primeira vez. Quando eu lia pornôs, quando eu redescobri a paixão por mato e terra, quando eu ganhei padrinho e madrinha que eu realmente amava e quando o Ratinho me parecia meio interessante.
Brasília - Cruzeiro Novo - cérebro -
Miracema
Palmas
Palmeirópolis
Goiatuba
Santa Maria Eterna
Uberlândia
São Benedito do Rio Preto
Goiânia
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
Uns caminhos
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Meu amigo Zé
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
A guerra
terça-feira, 30 de agosto de 2016
Sonho
A serpente sagrada e colorida, representada pelos capins da beira dos rios usados para transe e que dão urtiga na boca e pele. Ela é um Xangô.
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
No meu ori
No fogo, calor
na terra rasteja
na água é flor.
Yabá é líquida
Cobra no mundo rodeia
na chuva renova
na terra floreia.
No meu ori
xangô solta o brado
oxumarê cobreia
oxum um som manso
oxóssi me pia.
chá pra tosse -
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Pra um amigo chato,
domingo, 14 de agosto de 2016
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
"Não sabe se" ou O tiro na culatra
Não sabe se morde ou se lambe,
Se queima ou se molha,
Se acaricia ou arranha,
Se ele mostra ou se esconde,
Se normal ou estranho,
Se bonito ou medonho.
Olha nos olhos e não vê o final,
Não reconhece afinal,
O que esperava atentar.
Se alenta nos braços
Sem saber se ataca
Ou se beija no altar.
Figura mitológica amorfa,
Besta apaixonante,
Cachorro do mato domesticado.
No pôr do sol se ilumina,
À noite, aos jogados,
engana a retina,
De manhã some no breu da claridade.
Não sabe se volta pro mato ou pra cidade
Pra cama ou pro colo da amante,
Pras nuvens ou pras cavernas,
Pra lua ou pra marte.
O que sabe
É que é o tiro na culatra do escravo
E o tiro na culatra do patrão.
Não fica preso no tronco
Nem alimenta proteção.
Não sabe se cachorro ou se gato,
Se pega ou se corre,
Se gato ou se rato,
Se escorrega ou escorre.
Se estrada ou se rua,
Se de roupa ou nua,
Se boceta ou pica,
Se âncora ou prôa,
Se dele ou tua.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
O limite de mim
Eu queria hoje um pôr do sol maravilhoso, meu amor do meu lado, calado. O silêncio me faria tão bem nesse momento, afinal, penso eu, que daria pra escutar o que minha mente sussurra. Quando ela grita me perco, me afobo e acabo confundindo as letras. Amor vira dor, calma vira rua e gente vira monstro. Até a rima desistiu, percebe?
Queria um espaço, pode ser pequeno, até porque meu tamanho, que outrora esteve largo, hoje se contenta com esse corpo que me representa. Hoje estou diminuído a um metro e oitenta e setenta quilos. Completei milhas dentro de mim.
Quem um dia percorreu meu eu e não encontrou saída nem final, se hoje o fizesse, assustaria com tamanho recolhimento.
Ainda escrevo, na tentativa de fazer o que me propus, que é não deixar de dizer. E poucas pessoas lerão, o que por um lado me deixa tranquilo e calmo.
Se um dia pensei que o mundo era pequeno, desfaço, pelo menos hoje, dessa crença. Engulo seco e aceito que permiti me diminuir.
sexta-feira, 29 de julho de 2016
HC
Nos corredores noturnos,
Almas vagam com objetivos certos.
Uns limpam o ambiente,
Normalmente de mulheres que,
Prontas no sorriso,
Apontam o caminho para as perdidas
Como eu.
Tudo azul e branco,
Numa tentativa frustrada de limpeza.
Marcas nas paredes,
Tijolos a mostra,
Janelas gradeadas
E vozes.
O próprio espaço se completa
Com as histórias mal contadas
De sofrimento alheio.
Absorvem os sorrisos,
Multiplicam o cuidado,
Como na casa da avó,
Onde o tapa acompanha o afago,
Onde o doce de faz amargo,
Onde a saudade da cama se desfaz
Nos olhos doloridos dos pacientes esperançosos.
segunda-feira, 18 de julho de 2016
Fogueira de Julho
Meu caminho é do fogo.
E como vim do fogo,
estou
e pra ele eu vou.
Meu coração é a fogueira de junho e julho,
irmão de São João,
filhos de Xangô,
o rei que não se enforcou.
Rezo pro senhor da justiça
tirar as pedras dos nossos caminhos,
alargar o nosso conhecimento.
Peço pro fogo
nos ensinar a queimar de paixão,
feito dendê em panela de axé.
Já nasci com coroa
e essa ninguém tira.
Se o calor da fogueira não a derrete,
quem poderá fazê-lo?
Peço ao calor de meu pai,
que nos faça sorrir sempre.
Que o sorriso seja como quiabo,
nos proteja dos feitiços doentes.
terça-feira, 28 de junho de 2016
Preconceito arraigado é foda
sábado, 11 de junho de 2016
Sentir de ser
Se a água secar, sou tempo.
Se o tempo acabar, sou ancestralidade universal, infinita.
Se a calma passar, sou caos.
Se a luz diminuir, sou pó de estrela.
sábado, 28 de maio de 2016
Minha romaria
Vivo em romaria.
Rezo pra Deus,
Os Orixás e Nossa Senhora.
Minha missa são os encontros,
Meu terreiro é a estrada,
Minha fé está na natureza
Dos homens,
Dos anjos,
Dos bichos.
Aprendo olhando, vivendo.
Ligo os pontos,
Desaponto,
Continuo andando.
Enquanto sonho,
Converso com seres de outros mundos.
Enquanto paro,
Me batizo em cada canto.
E dessa forma,
Reconheço meus pais,
Minhas mães e irmãos.
Me reconheço assim.
O que sei, além do que sei,
É que Oxóssi me fez renascer
E Sogboadan me faz respirar.
Agradeço. Amo. Sirvo.
sábado, 21 de maio de 2016
Ensinamentos de um malandro
segunda-feira, 16 de maio de 2016
Xonei
Faz mais de uma semana.
E seu cheiro não sai do meu nariz,
Seu gosto não sai da minha boca,
Sua pele não sai da minha mão
E seu calor não sai do meu pescoço.
Quando me olho no espelho
Vejo você refletido.
Quão fabulosos são esses encontros.
E essa paixão,
Acompanhada de saudade,
Me faz reviver nosso encontro
Sempre que fecho os olhos.
Ai ai.
Não consigo manter a ordem
Na minha cabeça.
E meu coração te encontra
Em cada memória deslocada.
terça-feira, 10 de maio de 2016
A Rainha e o Malandro
Cheias de gente suja.
Roupas sujas,
Pele suja,
Além de escura.
A Rainha,
desceu os degraus
como quem desce a escada de seu palácio.
Olhavam para ela com desejo.
O malandro,
percebendo o burburinho,
chegou para ver o que acontecia.
Foi num olhar,
a Rainha ganhou o coração do malandro.
Ela o ensinou da nobreza
e ele a ensinou que,
não se tem palácio maior que a rua.
E o centro da cidade se tornou vosso jardim.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
Pra um amigo represado
quinta-feira, 7 de abril de 2016
Cansado
Acabou de acordar, seus desejos não são mais seus.
segunda-feira, 28 de março de 2016
Abandono
Carta
Tenho a impressão de que morri, mas não, as pessoas ainda me vêem, ainda me sentem. Eu também as vejo. Mas as sinto distantes, sem nenhum desejo de minha parte de contato próximo. Andei achando que eu era sociopata, mas acho que não. Só ando cansado de pessoas. Elas tem demonstrado muito nojo por coisas que eu amo, muito problema com minhas ideias, muito desânimo pelos meus desejos. Isso não é novidade, hei de me afastar, você sabe.
E hei de dizê-lo, não tenho o menor peso na consciência. E isso está me matando. Pergunto todos os dias pra mim mesmo se devo, e nenhuma outra resposta me vem na cabeça que não "vaza!". É reconfortante, de fato. Mas é uma loucura pensar que tenho coragem (e vontade) de sumir no mapa, ir fazer minhas coisas, viver minha vida, realizar meus sonhos. Ou não, quebrar a cara, morrer de amores, passar frio, sentir medo. Eu quero. E quero muito.
Estou com medo agora porquê ainda não sei como pedirei desculpas para as pessoas. E acho que ainda não sei porquê, definitivamente, não acho que seja motivo pra eu me desculpar. De qualquer forma, amo as pessoas que deixarei, ou que quero deixar. É difícil explicar que não são elas, sou eu. É clichê, mas minha vida sempre foi um clichê mesmo. E eu adoro essa cafonice que me representa.
Nada há de me segurar, pelo visto. Minha fé tem outro lugar, outra vivência. Não consigo ficar preso, ser escravo de mim mesmo. Talvez Exu tenha de fato ficado mais próximo, desconstruindo essa ideia fajuta de vida revolucionária gourmet. Tenho muito o que agradecer a ele. Tenho muito a agradecer muita gente. Mas é muita gente mesmo. E a maioria delas não quererá sequer olhar pra mim quando eu disser tchau. Meu coração está meio dolorido com isso. Mas ele sorri muito quando questiono o que há de ter atrás da esquina. Será que é mar? Será que é deserto? Será que é mata? Será que é concreto?
Que me perdoem os caretas, os imóveis, os estáticos. Muito se movimenta aqui dentro. E sou pequeno, não aguento segurar em mim. Me perdoem, uma pessoa só não aguentaria. É muita coisa, acredite. Aliás, você sabe.
Finalizo com um beijo, que te mando de cá. Receba aí e saiba, estamos mais próximos que você imagina e que podem ver. Me sinta. Vou pra estrada que é dela onde nunca devia ter saído. Nalgum lugar aportarei. Em muitas ondas serei jogado. Devo parar por aqui de novo, daqui uns anos. Espero sua visita. Saudades.
sexta-feira, 25 de março de 2016
quinta-feira, 17 de março de 2016
Caótico
E gozo.
É nesse movimento incessante,
nessa dança doida
que me encontro.
Não consigo ter a calma dos velhos,
nem a ansiedade das crianças.
Sou a cabeça do jovem,
ensandecida,
na festa.
Eu gosto da roda,
das brincadeiras de corrida,
dos gritos na montanha russa.
Enquanto sorrio enlouqueço.
Cada abraço é um ponto de ebulição.
Me guardo,
como água para o café,
dentro da chaleira.
Apito,
estouro como panela de pressão,
num grito de dentro,
mas quase ninguém ouve,
poucos percebem,
ninguém vê.
segunda-feira, 14 de março de 2016
De segunda a segunda
nas gargalhadas,
nos vultos,
na brincadeiras
nas encruzilhadas.
Nos pontos de intersecção,
nos encontros de amor,
nas estradas percorridas,
nas estradas a serem corridas,
nos caminhos de sangue,
na veia,
vermelha do preto.
Protege meu templo,
meu corpo e minha mente,
quem me apresenta,
quem sempre vai na frente.
Meu pai que me cuida.
Laroyê babá mi!
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Quarta-feira
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
Arroboboi, Sogbô Adan, Kabiecilê!
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Pra um amigo cansado
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Acabou?!
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Sabedoria ancestral
Sangò sabe o que faz. Sabe o tempo das coisas, está ligado à energia primordial da terra, flui pelas veias da natureza bruta, reencontra o cosmo em cada faísca.
Passa incompreensível a meus olhos e me encanta mais cada vez que questiona minha fé, aponta meus caminhos, caminha comigo.
Com todas minhas perguntas e dúvidas intensas, revejo minhas dívidas comigo mesmo e continuo andando, cantando e em festa. Um Deus que dança.